sábado, 8 de março de 2014

Alexandra.


Alexandra

Os segredos do mar.

Cáp 6






Alexandra, não dormiu.
 As memórias daquela noite sombria eram confusas e turbulentas e as duvidas só cresciam, quando percebeu já eram 6:00 horas e o sol raiava, era complicado ser ruiva quando se mora em uma ilha com 287 dias ensolarados, protetor solar e bonés nem sempre eram de muita ajuda, mas hoje, pela primeira vez Alexandra não se incomodou com isso, não se incomodou com nada, no café da manhã mas escutou o que seus avós diziam, o que , é claro, deixou Anges preocupada.
 Taylor não fora a escola naquela manhã, mas ela também não se importou com isso. O que eram aquelas lembranças...eram realmente reais? Por que? O que era aquela coisa  que se dizia ser sua mãe? Estava realmente respirando debaixo d'água, quer dizer isso é impossível, maluquice ! Estava delirando, sim estava...mas por que as vozes vindas das ondas ontem a noite? Por que queriam que ela fosse para o tão temido outro lado da ilha...aliás por que esse lado era assim tão temido? Alexandra ouvira falar que ele foi local de um assassinato mas, sua avó lhe garantiu que eram apenas boatos bobos..e mesmo assim nunca a deixara ir para lá, mas também nunca havia motivos para ela ir...até hoje. Suas dúvidas, seus sonhos, seu delírios... ela queria respostas.. e esse era o único jeito de consegui-las.
 No meio da tarde, ainda sem receber qualquer notícia de Taylor, Alexandra juntou toda a coragem que tinha e resolveu dar um fim no tormento, calçou o tênis, e antes que sua avó tivesse tempo de perguntar qualquer coisa, disse que iria sair com Taylor e passou pela porta apressadamente, Alexandra odiava fazer tal coisa, mas sua avó jamais permitiria que ela fosse para lá. O ônibus só deixava na entrada da floresta,Alexandra poderia dar a volta, mas sem um carro levaria horas, então resolveu atravessá-la, como faria isso? Não importava , nada mais importava. " Eu sinto muito vovó ".
 Uma hora havia se passado, o sol estava se pondo, Alexandra sentia sede e medo, agora a cada passo que dava, se sentia mais e mais tola,  pensar que conseguiria atravessar aquele floresta desse jeito, ela pensou estar andando em linha reta até passar pela mesma pedra verde pela terceira vez. Nunca estivera ali e agora estava perdida, tudo isso para ir atrás de seus delírios  insanos e sonhos loucos. "Vovó, o que eu faço agora."
 Alexandra tinha caído algumas vezes e seu joelho direito estava sangrando, isso sem falar sobre os 300 calombos em seus baços, culpa dos mosquitos gigantes da floresta, tinha começado a esfriar. Agora toda sua determinação inicial não fazia sentido, o por que de estar ali não fazia sentido, mentiu para sua avó e não sabia de Taylor desde a noite anterior, o que havia acontecido com ela? estava exausta e a ponto de chorar, quando finalmente ouviu o bater das ondas. Seu coração acelerou, e ela apressou os passos, estava bem mais escuro agora e seu medo aumentou, mas agora ao menos ela tinha motivação para continuar...aguente , aguente, estou chegando, vamos aguente mais um pouco...
repetia para si mesma.
As ondas cada vez mais altas, agora ela corria, os galhos das árvores começaram a balançar, e um vento forte soprou. ela correu até que caiu, e sentiu a areia.
 O cabelo desgrenhado e sujo, o joelho ardendo e a sede ainda mais forte, não foram empecilhos para que ela se levantasse finalmente perceber que havia chegado, estava bem mais escuro agora, e dava para ver claramente o por do sol em seus últimos raios... e agora? Alexandra olhou em volta, não vira nenhum motivo para as pessoas não irem até ali, era tão normal, quanto o lado habitado, árvores, areia, mar... nada incomum.
 Alexandra andou alguns passo para frente, atenta aos sons das ondas, e não demorou muito, aliás não demorou nada.
Alexandra...
Ela parou...o coração batia rápido.
Venha minha pequena...
A voz era melodiosa e sedutora, nunca havia notado o quão bonita era... e agora era impossível não atender aquele pedido, lentamente Alexandra tirou suas roupas, não havia ninguém ali mesmo. Os sussurros não sessaram até ela finalmente tocar a ponta dos dedos na água e sua respiração parar, sentido agora ser puxada por  espinhos grandes e grossos, até que começou a sentir as dores da transformação, as pernas se entortando, os ossos quebrando, poros se dividindo em escamas pesadas, a coisa a puxava rápido, cada vez mais longe, cada vez mais fundo, a água salgada entrava em seu nariz e ela não tinha como gritar..desmaiou.
Fraca como a mãe.
Não diga isso, Melissa foi mais fácil de ser pega
.É claro, Melissa não teve o que essa  ai teve, aliás nenhuma de nós tivemos.
Isso é verdade, ela pode ser um problema.
Caladas! ela está acordando.
Alexandra abriu os olhos, diante das quatro figuras sombrias, eram verdes musgo e pretas, os olhos de fogo, tinha dentre afiados como agulhas e não tinhas lábios, os , talvez seios eram pequenas ondulações dobre a costela exposta, os braços longos e absurdamente finos, tinham mão de dedos longos como galhos afiados como garras, e então uma grande calda verde de peixa, com escamas quase decadentes.
Alexandra até então paralisada, moveu-se ao ouvir as risadas infantis mais aterrorizadoras.
Alexandra...As figuras monstruosas se moveram rapidamente ao redor dela.Não, fique chocada criança, não somos tão diferentes fora d'água.
Pobrezinha...tem tantas dúvidas
Perguntas..
Curiosidade..
As vozes vinha de lugares diferentes,
Alexandra estava assustada queria gritar, mas como faria isso dentro d'água? Aliás...como ela estava...não ela não estava...sim! ela estava...respirando?!
-Dentro d'água?
Alexandra chocou-se ao ouvir a própria voz, tão nítida, tão bonita, tão diferente do usual...o que estava acontecendo?
Acalme-se pequena criança.
Não faremos mal a você.
É bom que possa falar, assim poderemos mostrar a você
-
Me mostrar o que?
A história.
Responderemos suas perguntas Alexandra
As risadas infantis vindas dos vultos estranhos recomeçaram até Alexandra sentir seus olhos senso perfurado pelos "dedos-espinho" de uma delas... e as imagens começaram a ser projetadas em seu cérebro.   "Outubro 1825, Madalena Rosale, condenada de bruxaria é espancada e torturada, lançada ao mar ainda viva, com seu corpo afundando ela fez uma pacto com o monstro de mar, cujo nome é desconhecido. Oferecendo a ele sua alma e de seus descendentes em troca de vingança e vida eterna. Aceitando a oferta o monstro lhe deu condições para que todas as descendentes seriam mulheres e penas sobreviveriam aquelas que se alimentassem de carne humana. Décadas depois, quando esse lado da ilha ainda era habitado, uma belíssima mulher foi resgatada da água, dizendo chamar-se Victória e ser vítima de um naufrágio foi acolhida na igreja, não demorou muito até ela se casar com Andrew Musley  e conceber uma filha, mas sua gravidez durou apenas três meses, muitos acharam um milagre a pequena Sara Musley ter nascido uma criança perfeita, chamaram-na de pequena santa, quando a pequena santa completou 4 anos, Victória desapareceu misteriosamente, e partir dai ouve muitos assassinatos e mutilações, com medo muito habitantes saíram da ilha, a pequena santa casou-se com o filho de um nobre, Stevan Josh , e pouco tempo depois estava grávida, e mais uma vez com apenas três meses de gestação a criança nasceu perfeita, dessa vez poucos da cidade acreditavam que aquilo era um milagre, parecia mais uma maldição...Joana Josh completou 4 anos e sua mãe desapareceu , e os assassinatos e mutilações retornaram, a Ilha era amaldiçoada , muitos acreditavam e mais uma vez a ilha teve grande parte dos habitantes fugindo com medo. A história se repetiu por muitos e muitos anos, até chegar em Mercedes 1959, aquele lado da ilha estava com pouco  mais de 23 habitantes, Mercedes casou-se com Jared Tonano, e assim como as outras, ficou grávida de uma menina que nasceu 3 meses depois, Melissa, uma pequena menininha muda. Os habitantes aquela altura já haviam ido embora, as história contadas pelos seu avós e avós deles, estava prestes a se repetir. Quando Melissa completou 4 anos Mercedes sumiu, mas agora só havia um lado da ilha habitado e lá a maldição não atingira...Melissa teve o destino diferente de todas, apenas viveu para conceber uma criança, e com ela não poderia estar os 4 anos permitidos, pois não havia motivos para aquela criança continuar viva, a criança foi abandonada na praia e todas esperavam que ela morresse...mas..." Alexandra voltou a realidade, ouvindo as risadas infantis.
 As 4 sereias que estavam a sua frente eram facilmente reconhecíveis pois agora estavam e suas formas quase humanas, a não ser pelas caudas.
Madalena Rosale ou Victória Musley (como preferir), Sarah Musley, Joana Josh e ...e ...M-melissa Tonano!As risadas novamente, e elas voltaram a suas formas monstruosas, e sumiram deixando seus vultos correndo ao redor de Alexandra, agora ela respirava com dificuldade e faltava pouco para ela se afogar
Bata a cauda.E foi então que ela percebeu  que o bebê na praia, era ela, Melissa Tonano era sua mãe e agora ela seria um monstro.
 NÃO! Ela nadou, nadou rápido e forte, antes de se afogar , estava longe da superfície, muito longe, mas finalmente sentiu a areia. e quando seu corpo saiu da água, a dor aguda de suas pernas voltando ao normal e sua pela coçando sobrenaturalmente a fizeram gritar e desmaiar.
-Alexandra! Alexandra! Acorde!
Ela ouviu a voz que tanto amava, e lentamente abriu os olhos, Ali estava Taylor.




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